Na noite de segunda-feira (5), a advogada negra Rebeca Sousa, 24 anos, foi obrigada a descer do carro de uma motorista de aplicativo no meio da viagem após ter sido acusada de “oferecer perigo” contra a motorista da Uber identificada como Adriele Joice Pinheiro da Silva, uma mulher branca.
“A única coisa que eu tenho que para essas pessoas oferece perigo é a minha cor. Sofri um caso de racismo”, disse Rebeca. A jovem retornava para sua casa no bairro São Caetano, em Salvador, depois de acompanhar o embarque de sua mãe no aeroporto.
Ao final da viagem, a motorista parou ao lado de uma viatura da Rondesp alegando que estava em perigo e pediu para que os policiais tirassem Rebeca do carro. A jovem ainda mostrou sua carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e seus documentos pessoais para provar sua identidade e profissão, porém, foi retirada do veículo por Adriele.
“Ela estacionou em frente à viatura e disse que eu estava armando uma emboscada contra ela e não parava de mexer no meu celular. Fiquei muito confusa, sem entender nada, eu tinha acabado de pagar pela corrida porque ela tinha me pedido para mandar o dinheiro antes”, conta.
Para a imprensa, Rebeca afirmou que foi deixada em uma rua deserta próxima de onde mora. Ela teve apoio dos policiais, que a acompanharam até sua casa e a instruíram a registrar o episódio na mesma noite.
A jovem também levou o caso à Uber, que informou a ela que “tomaria todas as providências necessárias”. “Fiz um boletim de ocorrência online na 11ª Delegacia de Polícia na segunda. Pela manhã, entrei em contato com uma promotora e um advogado criminalista que eu conheço para levar o caso ao Ministério Público. A justiça precisa ser feita, nós, pessoas negras, não aguentamos mais essas microviolências”, disse.