Segundo o estudo “Inclusão, equidade e desigualdade entre estudantes do ensino fundamental de escolas públicas no Brasil”, realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Unesco, as matrículas de pessoas com deficiência em escolas públicas no Brasil têm crescido nos últimos anos, mas uma boa parcela desses estudantes acaba deixando o ensino regular, indicando que a inclusão ainda é um desafio.
De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão, é assegurado aos alunos com deficiências e outras necessidades educacionais específicas, apoio educacional, conforme encontra explícito no artigo 28: XVII-Incube ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: XVII- Oferta de profissionais de apoio escolar.
Diante disso, a especialista em Gestão Escolar pela Universidade de São Paulo (USP), acompanhante terapêutica, mediadora escolar pelo CBI de Miami e idealizadora do Espaço Girassol, Carla Maria traz considerações relevantes sobre a importância do acompanhamento pedagógico nas escolas.
Segundo Carla, o profissional responsável por essa atividade tem habilitação necessária para oferecer um suporte de qualidade, podendo acompanhar a criança em diversos ciclos de desenvolvimento.
“O acompanhante pedagógico é o profissional que auxilia a criança em um atendimento mais individualizado dentro do espaço escolar. Este profissional vai oferecer suporte pedagógico no dia a dia dessa criança, para que ela consiga, mediante as intervenções necessárias, se desenvolver no processo de aprendizagem, participar de todas as atividades propostas pela escola juntamente com as outras crianças e formar novos ciclos de desenvolvimento”, informa a especialista.
Conforme aponta o estudo elaborado pelo Plano CDE e com base em dados da pesquisa Datafolha, em dois anos de pandemia, um em cada dez estudantes com deficiência não tiveram nenhuma aula com recursos de acessibilidade. Além disso, 29% deles sequer receberam ou raramente obtiveram materiais pedagógicos.
Já a pesquisa feita a pedido do Itaú Social, Fundação Lemann e Banco Interamericano de Desenvolvimento, com apoio do Instituto Rodrigo Mendes, evidencia que esses alunos tiveram mais dificuldade para retornar à escola em relação aos colegas sem deficiência.
Com base nesses dados, a idealizadora do Espaço Girassol aponta vantagens que a criança tem ao ser acompanhada na escola por uma profissional qualificada para a sua realidade.
“O acompanhante pedagógico ou mediador escolar não é apenas uma pessoa que está lado-a-lado do aluno, é um profissional que vai oferecer suporte para que o aluno aprenda, participe das atividades de sala de aula, seja acolhido por toda a equipe escolar, desenvolva suas habilidades socioemocionais, aprenda a brincar e ter interação e seja parceiro de jogo dos colegas. Muitas vezes, crianças com deficiência não conseguem participar das atividades extraclasse, como passeios em parques, teatros, cinemas, zoológicos e até viagens, por falta de alguém especializado para acompanhá-las”, ressalta Carla.
Em combinação com a família, a escola é um pilar importante na caminhada do desenvolvimento infantil, então o acompanhamento pedagógico no espaço escolar é considerado uma oportunidade para auxiliar a criança no desenvolvimento de habilidades sociais básicas e em atividades de vida diária. É importante um atendimento individualizado com atenção para as necessidades específicas que a criança ainda não adquiriu.
Carla ainda referência seu pensamento ao de Lev Vygotsky, precursor da psicologia histórico-cultural que é na vida social coletiva que a criança com deficiência encontra recursos para a formação das funções internas que vão desencadear o processo de desenvolvimento, e este processo se dá a partir das relações interpessoais. A criança que necessita do acompanhamento não tem ainda repertório suficiente para essa construção, então o apoio pedagógico vai auxiliá-la nessa construção que será importante para todas as etapas da vida.
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