Endividamento: especialista esclarece mitos e dúvidas

Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo, divulgada nesta quarta feira (4), apontou que cerca de 12 milhões de famílias estão endividadas no Brasil. Trata-se do maior nível de endividamento já registrado pela confederação, que analisa os dados há 11 anos.
Em entrevista a Rádio Sociedade na manhã desta sexta feira (05), o economista Antônio Carvalho elencou os motivos para esses índices tão altos.
“A nossa educação financeira é muito ruim. Nós nascemos e crescemos com a ideia de que dinheiro é para gastar e é verdade, mas o problema é como nós gastamos o nosso dinheiro. Adicione a isso a baixa renda média do brasileiro. Adicione a isso um apelo absurdo para o uso do crédito.”
O recorde no número de dívidas atinge todas as famílias brasileiras, independente da condição social. Segundo o especialista, a afirmação de que pessoas com menor poder aquisitivo se endividam mais é um mito.
“As mais assustadoras situações de endividamento com as quais eu já me deparei como educador financeiro, inclusive, foram de pessoas com renda de 20 a 30 mil reais mensais. […] Eles aparecem pouco na estatística porque são poucos e não se expõem.”
Outro mito da educação financeira é o de que somente pessoas com maior renda gastam com “futilidades”, como explica Antônio.
“Nós encontramos pessoas com a renda muito baixa e com a casa cheia de coisas que as vezes nunca usou, ou que comprou por impulso, vaidade ou coisas supérfluas”
Com a chegada do 13º, juntamente com as festas de final de ano e black friday, as pessoas costumam elevar os gastos e acabam se endividando ainda mais. Desse modo, traçar um planejamento financeiro para a utilização desse dinheiro extra é fundamental, não só neste período, mas sim no ano inteiro.
“Ao invés de pegar esse dinheiro extra e iniciar o ano equilibrado, infelizmente a maioria da população brasileira recebe o 13º pra pagar dívida”, disse Antônio Carvalho.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil