O diabetes é uma doença crônica caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue, causados pela produção insuficiente ou má utilização da insulina. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil ocupa o 6º lugar no ranking mundial, com cerca de 16,8 milhões de adultos vivendo com a doença.
A alimentação equilibrada é um dos pilares mais importantes no controle da glicemia e pode evitar complicações como doenças cardiovasculares, neuropatias e insuficiência renal, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). No Dia Mundial do Diabetes, celebrado nesta sexta-feira (14), o nutricionista Edimarcos Satel reforça que o controle glicêmico vai além do uso de medicamentos, mas também passa por escolhas inteligentes na hora de comer.
Para Edimarcos, a alimentação da pessoa com diabetes deve ser semelhante à de quem não tem a doença, baseada em alimentos in natura e minimamente processados (verduras, legumes, frutas, carnes, ovos e laticínios), conforme recomenda o Guia Alimentar para a População Brasileira. “Isso se aplica a todos, mas para quem tem diabetes é ainda mais importante”, explica.
Cuidados alimentares no dia a dia
O estilo de vida saudável é o primeiro passo: alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e uso correto da medicação. “Quando falamos de diabetes, reduzir a carga glicêmica é um ponto essencial”, diz o nutricionista.
Mesmo entre alimentos in natura, há diferenças. Tubérculos como batata, aipim, mandioquinha, inhame, cará e beterraba possuem carga glicêmica mais alta e devem ser consumidos com moderação. Já vegetais folhosos e legumes como couve, alface, repolho, brócolis, couve-flor, abobrinha, pepino, berinjela, chuchu e quiabo são boas opções.
Nas frutas, dê preferência às menos doces (laranja, tangerina, limão, abacate, coco, morango, framboesa e amora) em vez de banana, manga, mamão e uva. Evite sucos e prefira consumir a fruta inteira. “Uma pessoa geralmente se satisfaz com uma ou duas laranjas, mas para fazer um copo de suco é preciso muito mais. Além disso, o suco elimina as fibras do bagaço, importantes no controle da glicemia”, explica Satel. Ele também recomenda moderação no consumo de farináceos, como macarrão, tapioca, bolos, pães e doces em geral.
Carga glicêmica x índice glicêmico
O índice glicêmico (IG) mede a velocidade com que o carboidrato eleva a glicose no sangue. Já a carga glicêmica (CG) considera a qualidade e a quantidade de carboidratos consumidos.
“Não é só o que você come, mas como você come. Adicionar proteínas, fibras e gorduras boas à refeição faz com que a glicemia suba de forma mais lenta”, orienta o nutricionista.
Dicas práticas:
- Café da manhã: se for consumir pão, torrada ou tapioca, adicione ovo mexido, frango desfiado ou queijo.
- Almoço e jantar: reduza o arroz e feijão, aumente a salada e tempere com azeite. Começar a refeição pela salada e proteína também ajuda a evitar picos glicêmicos.
- Lanches: combine alimentos ricos em proteínas (ovo, queijo, frango, iogurte natural) e gorduras boas (castanhas e oleaginosas).
Essas medidas fazem com que os carboidratos sejam digeridos mais lentamente, retardando o aumento da glicose no sangue. “Quando comemos pão branco, a digestão é mais rápida, elevando a glicemia. Já o ovo, por ser proteína, exige digestão mais complexa, o que ajuda a retardar esse processo”, exemplifica.
O maior mito: doce é proibido?
Segundo Edimarcos, o principal mito é o de que quem tem diabetes não pode comer doce.
“O tratamento e a educação em diabetes evoluíram muito. Hoje, sabemos que não existe alimento proibido, apenas o consumo consciente. Alguns alimentos, como doces, exigem atenção e moderação, mas podem ser incluídos dentro de uma estratégia equilibrada”, destaca.
Uma dessas estratégias é a contagem de carboidratos, que permite ajustar a dose de insulina conforme a quantidade ingerida. “Se uma colher de doce de leite exige uma unidade de insulina, duas colheres exigirão duas. Isso dá liberdade e reduz o medo do ‘proibido’”, explica.
Para o nutricionista, a ideia de proibição é contraproducente. “Muitos pacientes desenvolvem transtornos alimentares por causa dessa taxação de que ‘não pode’. É muito mais eficaz educar e flexibilizar a alimentação de forma consciente”, completa.
Dicas rápidas para reduzir o impacto do doce na glicemia
- Consuma o doce após uma refeição equilibrada.
- Prefira opções com mais cacau e menos açúcar.
- Aumente o consumo de fibras (chia, aveia, frutas com casca).
Mensagem final
“Nessa data de conscientização, minha mensagem é que controlar a glicemia e evitar complicações do diabetes é totalmente possível. A alimentação é um dos pilares — na minha opinião, o principal — e o acompanhamento nutricional com um profissional experiente é fundamental”, conclui Edimarcos Satel.