A obesidade infantil afeta atualmente cerca de 158 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos no mundo, com projeção de chegar a 254 milhões até 2030, segundo a World Obesity Federation. Antes concentrado em países ricos, o problema já se espalha por nações de baixa e média renda. A pediatra Gabriela Oliani, da Santa Casa de São Roque, destaca que fatores genéticos respondem por até 80% da variação nos casos, mas reforça que hábitos alimentares e estilo de vida têm papel decisivo, sendo moldados desde a gestação e primeiros anos de vida.
Além de impactos físicos imediatos, como distúrbios respiratórios, dores articulares e alterações alimentares, a obesidade infantil está associada a problemas de longo prazo, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares. Também afeta a saúde mental, provocando baixa autoestima, ansiedade, bullying e depressão. Ambientes obesogênicos – com fácil acesso a ultraprocessados, sedentarismo e uso excessivo de telas – agravam o quadro. A médica recomenda limitar o tempo de tela a no máximo duas horas diárias.
Para enfrentar o problema, a especialista defende uma abordagem integrada, com apoio de médicos, nutricionistas, psicólogos e participação ativa da família. Ela também ressalta o papel das escolas na formação de bons hábitos e a importância de espaços públicos seguros para atividades físicas. “A prevenção começa em casa, mas deve ser responsabilidade de toda a sociedade”, afirma.