A advogada Losângela Passos, que representa a família do maratonista Emerson Pinheiro, atropelado no último sábado (16) enquanto treinava em Salvador, falou com exclusividade à Rádio Sociedade da Bahia sobre o estado de saúde da vítima e os desdobramentos jurídicos do caso.
Segundo ela, Emerson está em estado estável, passa por desmame da sedação e a expectativa da equipe médica é que ele seja extubado ainda nesta segunda-feira (18). O atleta teve uma das pernas amputadas após o acidente, o que pode significar o fim de sua carreira.
Losângela confirmou que atuará como assistente de acusação junto ao Ministério Público, contribuindo com provas e informações no processo criminal. “A gente já está acompanhando desde o inquérito. Nosso objetivo é dar suporte ao MP, inclusive com elementos que reforçam a gravidade do caso”, disse.
Além disso, a advogada informou que será ajuizada uma ação de reparação civil, mas que isso acontecerá “no momento oportuno”, quando houver clareza sobre os danos sofridos por Emerson. “Estamos diante de uma tragédia que vai exigir medidas firmes e reparações justas”.
Questionada sobre o possível contato da família do motorista com a da vítima, Losângela confirmou que foi procurada por advogados do acusado, que se colocaram à disposição para conversar. “Nem aceitei e nem recusei. Disse que não era o momento. A família de Emerson está muito abalada. Se houver proposta de ajuda ou reparação futura, será analisada, mas por enquanto estamos focados na recuperação dele e na condução do processo criminal”.
Para a advogada, o crime pode sim ser tratado como doloso, já que há evidências de que o motorista, filho de uma vereadora, estava sob efeito de álcool no momento do atropelamento. “As provas são claras: temos depoimentos de policiais, agentes de trânsito e testemunhas, além de um vídeo que mostra ele cambaleando. Isso reforça que ele assumiu o risco de matar ao dirigir embriagado”. Ela também reforçou a importância da manutenção da prisão preventiva do acusado, já decretada pela Justiça.
Em tom emocionado, Losângela revelou que conhecia Emerson pessoalmente e que a ligação com o caso vai além do trabalho jurídico. “Sou corredora, corro com ele há quatro anos. Quando soube, saí direto do treino e fui à delegacia. Foi impossível não se emocionar. Esse caso mexeu com todos os corredores de Salvador. Na audiência de custódia, a promotora falou por todos nós. Foi difícil conter as lágrimas”.
Ao final da entrevista, foi feito um apelo por doações de sangue para Emerson Pinheiro, que segue internado no Hospital Geral do Estado. As doações podem ser feitas em qualquer unidade do Hemoba, em nome da vítima. “Esse gesto pode ajudar na recuperação dele. Toda ajuda é bem-vinda”, concluiu a advogada.