Pesquisas apresentadas ao Ministério Público da Bahia (MPBA) revelam que o antigo cemitério localizado no estacionamento da Pupileira, pertencente à Santa Casa de Misericórdia, em Salvador, abriga os restos mortais de mais de 100 mil pessoas escravizadas. O resultado foi discutido em reunião no dia 21 de outubro, com representantes do MPBA, Iphan, Fundação Gregório de Matos (FGM) e Ipac, que solicitaram a interdição do local, atualmente usado como estacionamento.
A descoberta foi feita pela arquiteta e urbanista Silvana Olivieri, durante sua pesquisa de doutorado na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ao comparar mapas históricos de Salvador com imagens de satélite, ela constatou que o terreno coincide com a área de um antigo cemitério administrado pela Câmara Municipal e, mais tarde, pela Santa Casa.
Identificado como o Cemitério dos Pretos Novos da Pupileira, o espaço foi utilizado entre os séculos XVIII e XIX para sepultar pessoas escravizadas, indígenas, ciganos, pobres, indigentes, não batizados, excomungados, suicidas, prostitutas, criminosos e insurgentes. A revelação reforça o valor histórico e social da área, situada no coração da capital baiana.