O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Leandro Menezes, fez duras críticas ao governo federal durante entrevista ao Balanço Geral desta segunda-feira (6). Em meio à repercussão nacional dos casos de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol, Menezes classificou como “precipitada” a recomendação do ministro da Saúde para que a população evitasse o consumo de destilados.
“É absurdo que o ministro, que se diz defensor da ciência, dê uma orientação dessas com base em apenas 11 casos confirmados, diante de 220 milhões de brasileiros”, afirmou. “Isso apavora a população e prejudica toda uma cadeia produtiva, que vai desde bartenders até funcionários de fábricas legalizadas”.
Para Menezes, o foco das autoridades deveria estar em investigar rapidamente a origem das bebidas falsificadas, e não em penalizar o setor de bares e restaurantes, que, segundo ele, não é responsável pela produção das bebidas, apenas pela comercialização.
“A solução do poder público é sempre essa: dizer para não consumir. Isso é inaceitável. O problema não está nos bares, está na indústria da falsificação que atua impunemente”, criticou.
O presidente da Abrasel também aproveitou para denunciar o que chama de “conivência estrutural” com produtos falsificados no país. “Falsificamos relógio, roupa, tênis e agora alimentos, suplementos e bebidas. A sociedade brasileira trata isso com normalidade. E o poder público, em vez de combater, chega a organizar camelódromos para venda desses produtos”, disparou.
Segundo ele, os bares e restaurantes passaram por diversas fiscalizações no último fim de semana, mas nenhuma irregularidade foi encontrada. “Enquanto isso, ninguém vai atrás das fábricas clandestinas que movimentam toneladas de garrafas adulteradas. A fiscalização está mirando no lugar errado”.