Nos últimos anos, a busca por atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Pronto Atendimento (PA) em Salvador tem crescido consideravelmente e com elas as queixas sobre escassez de leitos hospitalares e falta de medicamentos.
Relatos frequentes de pacientes e familiares apontam deficiências graves nessas unidades, tais como: superlotação, maus tratos aos pacientes, falta de humanização, situações que são semelhantes a violência, demora excessiva, alocação inadequada de pacientes em estado grave e insuficiência de profissionais de saúde para atender à demanda.
De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Saúde da Bahia, Marcos Gêmeos, a ausência de um atendimento humanizado, as precárias condições sanitárias e a insalubridade encontrada nessas unidades violam os direitos humanos das pessoas que buscam assistência médica e esse cenário precisa mudar.
“É preciso cobrar a gestão e qualidade dos serviços prestados nas UPAs, bem como responsabilizar, a Prefeitura Municipal de Salvador, a garantir que essas unidades ofereçam condições adequadas para o atendimento da população”, afirma
De acordo com dados do último Plano Municipal de Salvador, cerca de 70% dos pacientes atendidos nas UPAs recebem pulseira verde, indicando uma situação pouco urgente e, portanto, casos menos graves. Já aproximadamente 10% dos pacientes recebem a pulseira azul, que sinaliza a ausência de urgência, ou seja, quadros que não exigem atendimento imediato.
Esses números indicam que grande parte da demanda nas UPAs poderia ser resolvida em unidades de saúde menos complexas, como as Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Esse cenário de superlotação nas UPAs é reflexo de uma defasagem na cobertura da Atenção Primária à Saúde em Salvador, que atualmente atende apenas 56,36% da população. Isso significa que 43,64% da população soteropolitana está sem acesso adequado aos cuidados primários de saúde, levando muitas pessoas a recorrerem às UPAs e PAs para resolver problemas que poderiam ser atendidos nas UBS.
Com base nisso, a superlotação das UPAs em Salvador não é apenas um reflexo do aumento da demanda por serviços de saúde, mas também da insuficiência de cobertura da Atenção Primária, que deixa grande parte da população sem acesso a cuidados preventivos e básicos, resultando em uma pressão desnecessária sobre os serviços de urgência.
O CES-BA já acionou o Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde – CESAU do Ministério Público da Bahia e a Coordenação do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do MP-BA para realizar uma investigação sobre o atendimento prestado pelas UPAs e demais irregularidade