O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causou uma nova polêmica no cenário político nacional ao declarar, durante uma agenda oficial na Indonésia, que “traficantes são vítimas dos usuários também”. A afirmação, feita nesta sexta-feira (24) em Jacarta, capital do país asiático, gerou forte controvérsia e fez com que o governo federal corresse para emitir uma nota oficial negando qualquer “tolerância ao tráfico de drogas”.
A declaração de Lula ocorreu enquanto ele respondia a questionamentos sobre a ofensiva dos Estados Unidos contra a Venezuela, justificada por um suposto combate ao narcotráfico. Sem citar diretamente o ex-presidente americano Donald Trump, Lula criticou a possibilidade de ações militares letais e execuções extrajudiciais, defendendo que líderes devem agir com responsabilidade. Ele argumentou: “Os usuários são responsáveis pelos traficantes que são vítimas dos usuários também. Você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra”.
Crescimento do Crime Organizado no Brasil
A fala polêmica do presidente brasileiro sobre a relação entre traficantes e usuários surge em um momento sensível enfrentado pela segurança pública no país. Recentemente, dados divulgados pelo Datafolha, a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostraram que a presença de facções criminosas e milícias atinge 19% da população do Brasil.
Este percentual representa, no mínimo, 28,5 milhões de brasileiros que convivem com o crime organizado no bairro onde vivem. O levantamento, realizado entre 2 e 6 de junho, indicou um crescimento de cinco pontos percentuais em comparação ao ano anterior, quando 14% dos entrevistados (cerca de 23 milhões de pessoas) relataram ter contato com esses grupos. As capitais, grandes cidades (acima de 500 mil habitantes) e o Nordeste foram apontados como os principais palcos de atuação dessas organizações criminosas.
Além do aumento da convivência com facções e milícias, a pesquisa Datafolha revelou que um a cada quatro entrevistados (27%) diz conhecer cemitérios clandestinos, e quatro em cada dez pessoas relatam encontrar “cracolândias” nos trajetos do cotidiano.
Palácio do Planalto Divulga Nota em Defesa das Ações Contra o Tráfico
Diante da repercussão negativa da fala de Lula, o Palácio do Planalto divulgou uma nota na noite da mesma sexta-feira (24), afirmando que o “Governo do Brasil não tolera o tráfico de drogas e atua com rigor e ações de inteligência”.
O documento, publicado pelo governo, reforça que o combate ao crime organizado tem obtido “resultados históricos“. Como prova desse rigor, o governo citou a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, que atingiu o “cérebro financeiro de uma rede mafiosa” do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis, em um esquema bilionário.
A nota também listou resultados recentes na repressão ao crime organizado:
• O número de operações de combate ao crime organizado praticamente dobrou em dois anos, passando de 1.875 em 2022 para 3.393 em 2024.
• Ações da Polícia Federal retiraram cerca de R$ 7 bilhões em bens dos criminosos apenas em 2024, mais que o dobro do ano anterior, marcando um recorde histórico.
• A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu 850 toneladas de drogas nas rodovias federais em 2024, outro recorde histórico.
O governo destacou que o objetivo é continuar desmantelando as estruturas que alimentam o crime e que segue “firme contra o crime organizado e do lado do povo brasileiro”. O presidente Lula, ainda na Indonésia, havia ressaltado que o Brasil combate o tráfico de drogas através de operações coordenadas com a Polícia Federal e por meio da cooperação internacional, trabalhando em parceria com outros países, a Interpol e forças policiais.
Leia a nota na íntegra:
O Governo do Brasil não tolera o tráfico de drogas e atua com rigor e ações de inteligência, obtendo resultados históricos contra a espinha dorsal das organizações criminosas.
Em agosto deste ano, a maior operação da história contra o crime organizado atingiu o cérebro financeiro de uma rede mafiosa que, entre outras ações, falsificava combustíveis e realizava a lavagem de dinheiro proveniente de atividades ilícitas.
Os dados de 2025 mostram que o balanço final deste ano trará números também positivos. No dia de hoje, uma nova operação da Polícia Federal foi deflagrada contra uma quadrilha, sediada em Passo Fundo/RS, que atuava no tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.
Com investimento em ações de inteligência, integração entre as diferentes forças de segurança, além da repressão à lavagem de dinheiro, o Governo do Brasil está impondo perdas nunca vistas ao crime organizado.
Ações da Polícia Federal retiraram cerca de R$ 7 bilhões em bens dos criminosos apenas em 2024. O valor mais do que dobrou em relação ao ano anterior, representando mais um recorde histórico.
Ainda em 2024, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu 850 toneladas de drogas nas rodovias federais – um recorde histórico, que representa crescimento significativo em relação a 2023.
Em dois anos, o Governo do Brasil praticamente dobrou o número de operações de combate ao crime organizado, que passaram de 1.875 em 2022 para 3.393 em 2024.
Esse trabalho histórico poderá avançar ainda mais com as inovações do Governo do Brasil na PEC da Segurança Pública e outros textos enviados ao Congresso Nacional. O objetivo é somar as forças de todo o país para desmantelar as estruturas que alimentam o crime.
Ações efetivas e resultados históricos contra as organizações criminosas reafirmam o compromisso do Governo do Brasil com a segurança das famílias do país.
O Governo do Brasil segue firme contra o crime organizado e do lado do povo brasileiro.
Foto: Ricardo Stuckert / PR