O Ministério Público do Estado da Bahia oficiou, na segunda-feira (26), a Santa Casa de Misericórdia da Bahia para que interrompa o uso da área onde foram realizadas as primeiras escavações no espaço que pode abrigar o maior cemitério de escravizados da América Latina.
Localizado no estacionamento da Pupileira, o local pode conter os restos mortais de mais de 100 mil pessoas, entre escravizados e indivíduos marginalizados da sociedade, como pobres, indigentes, não batizados, excomungados, suicidas, prostitutas, criminosos e insurgentes.
As escavações duraram dez dias. A primeira intervenção no solo teve 1×3 metros, e a segunda, 2×1 metros. Foi nesta última, a 2,7 metros de profundidade, que os arqueólogos encontraram as primeiras ossadas, incluindo ossos largos e dentes.
Segundo os pesquisadores, o solo ácido e úmido comprometeu a conservação dos materiais, tornando-os extremamente frágeis. Por se tratar de um patrimônio sensível, a equipe de arqueologia optou por não divulgar imagens dos achados nem remover as ossadas do local.
Para preservar os vestígios, foi instalada uma cobertura sobre os restos mortais encontrados. Fragmentos menores de ossos serão encaminhados à Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), onde permanecerão guardados até a definição dos próximos passos da pesquisa.
O processo de reconhecimento do sítio arqueológico foi encaminhado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Caso seja aprovado, o local será oficialmente nomeado como “Sítio Arqueológico Cemitério dos Africanos”.