A manhã de hoje foi marcada por tensão na CPMI do INSS. Com o apoio da base governista, o colegiado barrou a convocação do ministro-chefe da AGU e indicado ao STF, Jorge Messias; de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e dos CEOs de Santander, C6 e PicPay. Agora, os holofotes se voltam para o depoimento das 15h30, quando será ouvido Américo Monte Júnior, presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), entidade suspeita de participar de um esquema de descontos irregulares aplicados a aposentados. Américo, entretanto, chega blindado: um habeas corpus concedido pelo ministro Kassio Nunes Marques do STF o desobriga a responder às perguntas dos parlamentares, decisão que levou o presidente da CPMI, senador Carlos Viana do Podemos de Minas Gerais, a criticar o que chamou de mais uma interferência do Supremo.
A chamada “farra no INSS” ganhou repercussão nacional no fim de 2023 após reportagens revelarem o salto bilionário nas arrecadações de associações que aplicavam descontos não autorizados em benefícios de segurados, um rombo estimado em 2 bilhões de reais em apenas um ano. As denúncias alimentaram apurações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, culminando na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril, que derrubou o então presidente do INSS e o ministro da Previdência, Carlos Lupi. O caso segue ampliando sua teia: segundo relatório da CGU, 97,6% dos aposentados entrevistados afirmaram jamais ter autorizado as cobranças, e 96% disseram sequer conhecer as entidades responsáveis.
Ainda nesta quinta-feira, a CPMI enfrentou mais contratempos. O primeiro depoente previsto, Silas da Costa Vaz, secretário da Conafer, apresentou atestado médico após ser diagnosticado com dengue e não compareceu. Pela manhã, os parlamentares também rejeitaram a quebra de sigilo da Zema Crédito, mas aprovaram a convocação do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, além do empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, sinal de que o cerco em torno do escândalo continua se fechando.