Salvador é a capital que menos fuma, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve registrar mais 32 mil novos casos esse ano, com 6.500 diagnósticos esperados só no nordeste.
O programa Conexão Sociedade apresentado por Silvana Oliveira trouxe uma especialista em oncologia da Oncoclínicas para tratar sobre o Agosto branco. Campanha dedicada à conscientização sobre o câncer de pulmão e a importância do rastreamento precoce da doença. O objetivo é aumentar a conscientização sobre os riscos associados ao câncer de pulmão e a importância de detectar a doença em fases iniciais, principalmente entre fumantes e ex-fumantes com mais de 50 anos.
A oncologista Mila Cruz fala sobre a campanha; ‘temos uma indicação de rastreamento de fazer o exame em pessoas assintomáticas que ainda é pouco difundido, sabemos que pessoas tabagistas ou ex-fumantes maiores de 50 anos têm indicação de fazer o rastreamento com tomografia de tórax, isso permite o diagnóstico mais precoce em pessoas que tem o maior risco, e esse diagnóstico precoce vai permitir o tratamento mais eficaz, menos invasivo e com maior chance de cura.”
O câncer de pulmão é uma das principais causas de morte por câncer em todo o mundo, e o tabagismo é o principal fator de risco. A detecção precoce pode melhorar significativamente o prognóstico e as chances de sucesso do tratamento. O rastreamento é recomendado para indivíduos com histórico de tabagismo devido ao alto risco.
Outro fator que aumenta o risco da doença é o uso de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFS), incluindo cigarros eletrônicos e vapes, têm se tornado populares entre os jovens, apesar de serem proibidos no Brasil. “É uma preocupação grande, pois o cigarro eletrônico traz a nicotina, então, primeiro aquele jovem, muitas vezes adolescente, ele começa a consumir porque tá na moda, porque os colegas estão consumindo, ele vai se tornar dependente da nicotina e isso aumenta em 4x a chance de ele fumar o cigarro comum. Porque apesar de tão difundido o cigarro eletrônico, ele ainda é proibido no Brasil, o valor é mais elevado, então, muitas vezes esse indivíduo em algum momento ele vai migrar para o cigarro comum, além de ficar dependente da nicotina, aquela substância que usam para dar o odor e variedade de aromas, ela também pode causar uma lesão grave aguda do pulmão, que é o Evali.” declarou a oncologista.
O Brasil tem se destacado no combate ao tabagismo, reduzindo o consumo de cigarros em 35% graças a políticas públicas eficientes. O tratamento do câncer de pulmão evoluiu significativamente com a introdução de terapias avançadas, incluindo cirurgia minimamente invasiva, quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia.
“Na doença inicial, o principal tratamento é a cirurgia, e a cirurgia tem se tornado cada vez menos invasiva, então, o paciente consegue retornar e ter uma alta mais precoce, retornar ao trabalho com menos efeitos e toxicidades do tratamento. Na maioria das vezes esse paciente acaba precisando de algum tratamento complementar que pode ser uma quimioterapia, pode incluir imunoterapia ou uma terapia-alvo, foram os últimos avanços que a gente teve nos últimos anos e isso aumentando bastante as chances de cura.” disse Mila Cruz.
Mesmo após evoluções no combate ao tabagismo, o Brasil ainda precisa evoluir em estruturas para suporte neste tratamento; “infelizmente a gente ainda não tem estrutura para realizar o rastreamento adequadamente no sistema público, mesmo no sistema privado a gente sabe que dentro de um país com o dimensões continentais como Brasil, é um desafio esse rastreamento porque ele envolve realizar a tomografia e realizar a biópsia, na maioria das vezes essa biópsia é feita com uma punção, então precisa ter uma estrutura hospitalar para suportar esse rastreamento de forma nacional.” concluiu a Doutora.
Assista a entrevista na íntegra no canal Rádio Sociedade da Bahia no Youtube: