Há um mês do fim do segundo turno das eleições, o presidente do PSC (Partido Social Cristão) na Bahia, Heber Santana, resolveu falar abertamente da sua ruptura com o grupo de ACM Neto (UB), com quem ele caminhou junto por dez anos.
Durante entrevista para a Rádio Sociedade, na manhã desta terça-feira (29), Heber declarou que a falta de um projeto político amplo, que envolvesse oportunidade de crescimento e espaço de governo para os aliados, foi determinante para a cisão com antigo líder e migração para o grupo do governador Rui Costa, principal oposição carlista.
“Quem foi o vice de ACM Neto? Bruno Reis. Quem foi a vice de Bruno? Ana Paula. Ela é do grupo e foi colocada no PDT para ser indicada. Quem foi a vice de Neto para governador? Ana Coelho, esposa de Tiago Correia. Precisa abrir um pouco mais para que as pessoas que estão participando vejam que tem um projeto”, disparou. “Minha ideia não é sair falando mal de [ACM] Neto, de Bruno ou de quem quer que seja. Mas, é claro, a gente começou a relação com quatro vereadores em Salvador, cinco deputados estaduais, dois deputados federais, e eu não vou atribuir a eles [Neto e Bruno] os resultados negativos disso. Mas não tem como negar que o ambiente não permitia que a gente se desenvolve enquanto PSC. A gente foi involuindo. E você não pode ficar num ambiente onde não tem opção de crescimento”, completou.
Após chamar a atenção para o espaço de projeto político bem restrito do seu antigo líder, ACM Neto, para as eleições majoritárias. Heber faz um contraste com a proposta oferecida pelo bloco liderado pelo atual governador da Bahia, Rui Costa, e seus partidos coligados.
Ele citou o exemplo de Geraldo Júnior [MDB], ex-aliado de Neto, que conseguiu ascender de vereador a vice-governador eleito na aliança com o petista Jerônimo Rodrigues.
“Olha Geraldo Junior. Ele seria vice governador quando dentro daquele grupo? Nunca. Foi convidado [pelo PT], aceitou o desafio e hoje é o vice governador eleito. Essa perspectiva de enxergar as pessoas e abrir espaço é o que falta no grupo de Neto”, disse.
Segundo informações dos bastidores políticos, Geraldo teria rompido a aliança com Neto, por se sentir desprestigiado no governo da capital baiana. O emedebista, sendo vereador e presidente da Câmara Municipal trabalhou pela governabilidade do atual prefeito, mas que em contrapartida, não tinha retorno que lhe garantisse ascensão política, nem mesmo espaço para ser lançado como vice-prefeito.
O entrevistado estava bastante à vontade para justificar a sua decisão enquanto presidente partidário, citando a recente performance de legendas que saíram da base de Neto e conseguiram ascender politicamente, por terem espaço de trabalho na oposição.
“Olha o PV [Partido Verde] que saiu de Neto e foi para caminhar com Jerônimo. O partido elegeu quatro deputados estaduais e um deputado federal. Olhe outros partidos que estão no entorno de Rui Costa, e, agora de Jerônimo. Partidos que cresceram e tiveram um espaço. Do outro lado [de ACM Neto] é diferente, infelizmente, porque falta essa percepção de projeto, que acaba girando em torno da pessoa. E aqueles grupos que estão fazendo parte não estão tendo acesso”, declarou.
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