Uma cirurgia realizada de forma inédita foi efetuada em Salvador. O procedimento foi feito para correção de estenose traqueal grave de uma paciente com sequela tardia de tuberculose. Devido à extrema gravidade, a dilatação traqueal foi feita com auxílio da circulação extracorpórea (ECMO), onde equipamentos substituem temporariamente o trabalho dos pulmões. O procedimento ficou mais conhecido durante a pandemia, quando terapias de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) foram feitas para substituir a atividade dos pulmões acometidos pela COVID-19.
O procedimento foi realizado no Hospital Prohope, em Salvador, para tratar a estenose de traquéia da paciente Marilene Novais. Marilene teve tuberculose, doença que atingiu suas vias respiratórias, deixando como sequela uma fibrose da traquéia, fechando a sua luz em mais de 90% e em mais da metade da sua extensão.
“A estenose é um estreitamento. No caso da paciente, havia um afinamento significativo na traquéia, que inviabiliza a sua respiração. Era como se ela estivesse respirando pela metade de um canudo”, explica o cirurgião torácico Ricardo Sales que conduziu a cirurgia. “Utilizamos o recurso de circulação extracorpórea porque, durante a dilatação, ficamos sem via aérea, sem conseguir ventilar a paciente por quase 1 hora.
Para casos como esse, a cirurgia requer tecnologia e estrutura hospitalar complexa, que só hospitais bem equipados detêm.
“Realizamos a cirurgia em conjunto com a equipe do Dr Filinto Marques, cirurgião cardiovascular do Prohope. Foram duas equipes de especialistas para conduzir o procedimento de forma segura e eficaz. Felizmente a paciente agora respira normalmente através de uma órtese, mantendo a traqueia com luz ampla” conclui Dr. Ricardo.
Dona Marilene fala com emoção sobre a melhora promovida em sua saúde e bem-estar após a cirurgia. “Eu não tinha vida própria, precisava de outras pessoas para andar, me locomover. Hoje, já após a cirurgia, sou outra pessoa. Não imaginava a complexidade da situação, depois de seis horas de procedimento, venci, estou vencendo. Vou ser grata eternamente”.
O caso da Sra Marilene ressalta ainda a importância da investigação adequada para pessoas com falta de ar. A paciente relatou que, por muitos anos, teve a suspeita de asma. “ A tomografia mostrou contudo, tratar-se de outra doença”, adiciona o Dr Luciano Almeida , diretor médico do Hospital ProHope.
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