O órgão tem se destacado como uma iniciativa crucial na luta contra a violência de gênero e o feminicídio.
Na manhã desta segunda (19), o Conexão Sociedade recebeu a coordenadora Iracema Silva, do Núcleo de Enfrentamento e Prevenção ao Feminicídio (NEF) em Salvador para entender melhor como o NEF tem operado ao longo dos últimos três anos.
O núcleo atua com homens que são encaminhados pela justiça através de medidas protetivas e os insere em um dos 25 grupos de caráter reflexivo, educativo, mas também responsabilizante. Os grupos são divididos de forma a abarcar cerca de 12 homens e são trabalhados em 2 ciclos.
“Eles chegam furiosos, primeiro porque eles não conseguem se ver naquele lugar que a medida coloca”, relata Iracema. E completa, “Numa situação de violência doméstica, nós sempre temos dois lados. É uma violência relacional e se é uma violência relacional, você não pode deixar de incluir o homem nessa abordagem”.
A Coordenadora nos informa que os grupos são previstos na Lei Maria da Penha que possui uma “abordagem muito positiva e plena em relação à família”. Esta lei “cuida da mulher no sentido de proteção, de cuidado, de prevenção. Cuida da família”, completa. É importante salientar que a lei não protege somente à mulher, ela atende também ao homem como vítima.
Conforme entrevista, esses homens que são retirados das relações de violência necessitam de ações educativas para mudança de comportamento, para isso, esse homem passa pela entrevista com psicólogo e assistente social para entendimento do contexto social e direcionamento das ações que serão abordadas.
Criado em 2021, o NEF é um Núcleo da Prefeitura dentro da Secretaria de Políticas para Mulheres, de Salvador. Uma ação conjunta da secretaria de políticas para mulheres, infância e juventude (SPMJ), Tribunal de Justiça da Bahia e a Guarda Civil Municipal (GCM), que visa não apenas proteger as mulheres, mas também promover a reabilitação dos homens com medidas protetivas de urgência.
Nos três anos de existência do Núcleo, já se passaram 452 homens. Desses, alguns já terminaram o primeiro ciclo e 251 ainda participando dos grupos. Com este trabalho, foi possível observar a resultados importantes como, por exemplo, a mudança de postura, relatos de crescimento e de mudança de padrão, assim como entendimento da relações adoecedoras e que deveriam ser pautadas no respeito.
Acompanhe a entrevista na íntegra no canal da Rádio Sociedade da Bahia: https://www.youtube.com/live/6PS11vIcBV8?si=6fXBI9Uc4CbVpjiD