Um estudo recente divulgado na terça-feira (14) revela que o verão do ano passado no Hemisfério Norte foi o mais quente já registrado, marcando uma temperatura média 2,07 °C mais alta do que as médias pré-industriais. O calor intenso provocou uma série de eventos extremos, incluindo incêndios no Mediterrâneo, fechamento de estradas no Texas e falhas nas redes elétricas na China.
A pesquisa, publicada na revista Nature, comparou registros meteorológicos desde meados de 1800 e concluiu que o calor de 2023 foi historicamente sem precedentes. Jan Esper, cientista climático da Universidade Johannes Gutenberg, na Alemanha, destacou a importância dessa descoberta, ressaltando a clara evidência do impacto do aquecimento global ao longo da história.
Apesar de não ser uma surpresa para os especialistas, a constatação desse recorde tão antigo levanta debates sobre a dificuldade de se estabelecer comparações em uma escala de tempo tão vasta com os métodos científicos atuais.
El Niño
O padrão climático El Niño foi apontado como um dos fatores que amplificaram o calor intenso do verão de 2023, contribuindo para ondas de calor mais longas e severas, além de períodos prolongados de seca.
Os efeitos adversos das ondas de calor já estão refletidos na saúde pública, como revelado em um estudo recente publicado na revista PLOS Medicine. Durante o período entre 1990 e 2019, mais de 150 mil mortes relacionadas ao calor foram registradas em 43 países, constituindo cerca de 1% do total de óbitos globais, um número comparável às fatalidades causadas pela pandemia de Covid-19.
A Europa, em especial, testemunhou uma média de 655 mortes atribuíveis ao calor anualmente para cada 10 milhões de habitantes, com Grécia, Malta e Itália destacando-se como as regiões mais impactadas por esse fenômeno.