A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) realiza, na próxima segunda-feira (11), um café da manhã para a entrega de maquinário de corte e costura industrial a mulheres do Projeto MiliEco, que transforma fardas velhas da Polícia Militar da Bahia, que seriam incineradas, em produtos como mochilas, estojos, bolsas, ecobags, entre outros. O evento acontece a partir das 8h, na sede da OSC executora do projeto, Ases Sustentável do Brasil, no Alto do Abaeté (Itapuã), em Salvador.
O MiliEco é um projeto pioneiro que alia a prática ecologicamente correta, com o reuso das fardas doadas pela polícia militar, e a geração de trabalho e renda. O reuso das peças impede a incineração do tecido, que causa a poluição do ar, com a emissão de CO2 (dióxido de carbono). Ao mesmo tempo, a iniciativa gera trabalho e renda para as mulheres, costureiras e artesãs da comunidade, que comercializam os produtos.
O maquinário de costura industrial permitirá a produção em maior escala. Serão entregues ao projeto: 08 máquinas de costura interlock (que trabalha com tecidos de maior peso como sarja e jeans), 05 máquinas overlock com bancada, 04 cortadores de tecidos, 13 máquinas de costura reta e 05 máquinas de costura galoneira (costuras duplas e triplas). Aproximadamente cinco toneladas de fardas inservíveis da polícia militar já estão disponíveis para o projeto.
As costureiras foram capacitadas em cooperativismo e, com o auxílio técnico da Setre, por meio da Superintendência de Economia Solidária (Sesol), estão em fase de criação da CoopermiliEco, um coletivo para a produção e comercialização dos produtos. O projeto tem investimento R$ 88.597 mil através da Setre/Sesol (aquisição e entrega das 35 máquinas) e apoios da Polícia Militar do Estado da Bahia (doação de fardamento inservível) e da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), na orientação para reuso do material.
Ideia pioneira – A cabeça por trás do projeto é da policial militar Adjaneara Costa, que o batizou de MiliEco para unir a ideia da polícia militar e prática ecologicamente correta. De família humilde, quando menina Adjaneara recolhia retalhos de tecido, papel e papelão para confeccionar suas bonecas.
O tempo passou, ela formou-se em contabilidade pela Universidade do Estado da Bahia e apaixonou-se pelo ramo da contabilidade ambiental. Ao ingressar na Polícia Militar, descobriu que as fardas inservíveis eram armazenadas para incineração e, desde então, pensou em fazer algo com o material. Assim, em 2015 nasceu o MiliEco.
Os primeiros produtos criados pela policial foram bonecas e bonecos fardados. “Imaginei algo que fosse irresistível e encantador ao ponto de fazer com que policiais doassem seus fardamentos, pois tem uma forte simbologia. Daí criei as bonecas e os bonecos militares”, conta.
O projeto foi crescendo aos poucos e ganhou notoriedade em 2020, quando conquistou o Prêmio Ozires Silva de Inovação Empreendedorismo e Sustentabilidade, na categoria Ambiental. Em 2022, a iniciativa também recebeu o Prêmio Fraternidade Cidadã da SPREV/Secretaria de Segurança Pública pela relevância socioambiental da ação.