A UNICEF divulgou nesta quinta-feira (15) a pesquisa do IPEC sobre a educação brasileira em 2022. Após mais de dois anos de pandemia, e faltando pouco tempo para as eleições o UNICEF faz um alerta para os cidadãos, sobre a urgência de priorizar a Educação no Brasil.
Um estudo inédito, realizado pelo IPEC para o UNICEF, revela que mais de 1 em cada 10 meninas e meninos de 11 a 19 anos (11%) não estão frequentando a escola no País. Isso representa cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes da rede pública de ensino, nesta faixa etária, com seu direito à educação negado.
O estudo confirma a crise profunda da Educação no Brasil. Por isso, o UNICEF lançou a campanha #VotePelaEducação, em parceria com a Agência Artplan, mobilizando a sociedade para que cobre de candidatas e candidatos que priorizem a Educação na hora do voto. Para reverter o cenário de exclusão e fracasso escolar, nos próximos quatro anos, serão necessárias políticas públicas fortes e consistentes.
Realizada em agosto deste ano, ouvindo meninos e meninas de todas as regiões do País, a pesquisa mostra que a exclusão escolar afeta principalmente os mais vulneráveis. No total, 11% dos entrevistados não estão frequentando a escola, sendo que, na classe AB, o percentual é de 4% e, na classe DE, chega a 17% – ou seja, quatro vezes maior.
Entre quem não está frequentando a escola, metade (48%) afirma que deixou de estudar “porque tinha de trabalhar fora”. Dificuldades de aprendizagem aparecem em segundo lugar, com 30% afirmando que saiu “por não conseguir acompanhar as explicações ou atividades”. Em seguida, 29% dizem que desistiram, pois, “a escola não tinha retomado atividades presenciais” e 28% afirmam que “tinham que cuidar de familiares”. Aparecem na lista, também, temas como falta de transporte (18%), gravidez (14%), desafios por ter alguma deficiência (9%), racismo (6%), entre outros.
Entre os estudantes que estão na escola, a evasão é um risco real. Segundo a pesquisa, nos últimos três meses, 21% de quem está na escola pensou em desistir dela. Entre os principais motivos está o fato de não conseguir acompanhar as explicações ou atividades passadas pelos professores – item citado por 50% dos que pensaram em desistir.
“O País está diante de uma crise urgente na Educação. Há, pelo menos, 2 milhões de meninas e meninos fora da escola, somente na faixa etária de 11 e 19 anos. Se incluirmos as crianças de 4 a 10 anos, o número certamente é ainda maior. E a eles se somam outros milhões que estão na escola, sem aprender, em risco de evadir. É urgente investir na inclusão escolar e na recuperação da aprendizagem. Por isso, UNICEF vem a público fazer esse alerta e conclamar eleitoras e eleitores a votar pela Educação”, explica Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do UNICEF no Brasil.
Sobre a pesquisa
Os dados fazem parte da pesquisa “Educação brasileira em 2022 – a voz de adolescentes”, realizada pelo Ipec para o UNICEF. A pesquisa ouviu estudantes que estão na rede pública de ensino, e também aqueles que não completaram o ensino médio e não estão mais frequentando a escola. Foram realizadas 1.100 entrevistas com meninas e meninos de 11 a 19 anos, organizadas de modo a ser representativas da população-alvo do estudo. As entrevistas pessoais domiciliares foram realizadas de 9 a 18 de agosto de 2022. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília.